Ciúme e vingança levaram mulher a envenenar um ovo de Páscoa e enviar para uma família, em Imperatriz, no sudoeste do Maranhão. É o que apontam as investigações da Polícia Civil do Maranhão (PCMA).
Um menino de 7 anos morreu na quinta-feira (17), e a mãe e a irmã dele estão internadas em estado grave. Os três comeram o chocolate. A polícia faz testes e perícias para confirmar se havia veneno no ovo e qual causa da morte do menino.
Jordélia Pereira Barbosa, 35 anos, ex-namorada do atual companheiro de Mirian Lira, uma das vítimas, foi presa em Santa Inês, suspeita de envenenar a família.
“Os indícios levam a crer, através de vários pontos investigados, que o crime foi motivado por vingança, por ciúme, tendo em vista que o ex-marido da autora é o atual companheiro ou atual namorado da vítima, que foi envenenada juntamente com seus dois filhos. Há vários indícios que apontam claramente para que essa mulher tenha sido autora do crime. A polícia vai continuar trabalhando para robustecer esses indícios e apresentá-la ao Judiciário, para responder por esse bárbaro crime’, disse o secretário de segurança do Maranhão, Maurício Martins.
Investigação policial
A Polícia Civil do Maranhão chegou à investigada após analisar uma série de elementos, como imagens de câmeras de segurança, comprovantes de compras e depoimentos de familiares das vítimas.

A Polícia Civil, logo que recebeu essa informação, começou a montar esse quebra-cabeça. As características levavam à suspeita de alguém próximo à vítima ou às vítimas. Então, foram muito importantes as entrevistas, a oitiva do atual namorado da vítima, a identificação e localização do motoboy [que entregou o ovo]”, disse o delegado-geral da Polícia Civil, Manoel Almeida.
“Identificamos o hotel onde a suspeita se hospedou, a loja onde comprou o objeto, que é uma loja que vende produtos de ovo de Páscoa, no qual ela inseriu a substância que, tudo indica, ser veneno. Porque ainda não temos especificamente que substância é essa, pois está em análise o produto recolhido”, acrescentou.
Durante as investigações, houve a suspeita, a princípio, de que o namorado de Mirian ou o ex-marido poderiam ter algum tipo de ligação com o crime. E, ao pegar o depoimento do companheiro da vítima, a polícia foi informada de que o homem tinha uma ex-namorada que poderia ter envolvimento com o caso.
Após identificar a mulher que poderia estar envolvida no crime, a polícia descobriu que ela era moradora de Santa Inês e havia se hospedado em um hotel de Imperatriz, no mesmo dia em que o ovo de chocolate foi enviado para a família.
Os investigadores descobriram ainda que, nesse mesmo dia, Jordélia havia comprado ovos de chocolate em uma loja de Imperatriz. Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram ela disfarçada, usando óculos e uma peruca preta, comprando o produto.
Com base nesses elementos, a Polícia Civil passou a monitorar a mulher e identificou que ela já tinha saído de Imperatriz a caminho de Santa Inês. Com o apoio da Delegacia Regional de Santa Inês, foi feita a prisão de Jordélia assim que ela saiu do ônibus intermunicipal.
Material apreendido
Com a mulher, a Polícia Civil apreendeu duas perucas (uma loira e outra preta), restos de chocolate, remédios e bilhetes de passagens de ônibus, sendo que um deles foi comprado na última segunda-feira (14), dois dias antes de a família receber a encomenda que foi levada por um mototaxista.

Em depoimento na Delegacia Regional de Santa Inês, a suspeita confessou ter comprado o chocolate, mas negou ter colocado veneno. No entanto, a Polícia Civil destaca que há indícios suficientes que apontam Jordélia como autora do crime.
Segundo a Polícia Civil, as amostras dos ovos de Páscoa foram coletadas e encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística. O laudo deve ficar pronto em 10 dias. Além disso, já foi solicitada à perícia a coleta de sangue das vítimas para identificar se há algum tipo de veneno, bem como foi pedida a análise dos produtos encontrados com a suspeita.
Outro ponto a ser investigado pela polícia é se houve a participação de outras pessoas no crime.
Jordélia Pereira Barbosa foi presa em flagrante e deve responder por homicídio e, pelo menos, duas tentativas de homicídio. A mulher está detida no Presídio de Santa Inês, à disposição do Poder Judiciário.
Entenda o caso
A família recebeu o ovo na noite desta quarta-feira (16), por meio de um motoboy, como se fosse um presente. Com o ovo havia um bilhete com a mensagem: “Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa”.

Após ter recebido o doce, Mirian recebeu a ligação de uma mulher, não identificada, que questionou se ela havia recebido o ovo de Páscoa. A vítima atendeu a ligação, chegou a perguntar quem falava ao telefone, mas a mulher não respondeu.
Luís Fernando, de 7 anos, filho de Mirian, foi o primeiro a começar a passar mal. O pai da criança e ex-marido de Miriam, foi chamado e a família levou a criança para o Hospital Municipal de Imperatriz (HMI). A criança chegou a ser entubada, mas não resistiu e morreu horas após ter sido internada.
Já Mirian só começou a apresentar sintomas de envenenamento quando estava no hospital, logo após o filho ter sido entubado. As mãos da vítima começaram a ficar roxas e ela começou a sentir dificuldade de respirar. Ela foi internada na UTI do Hospital Municipal de Imperatriz.
Logo após Mirian começar a passar mal, a filha dela, Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, também deu entrada no hospital com os mesmos sintomas. A menina também havia comido o ovo de Páscoa.
Mirian Lira e a filha, Evelyn Fernanda Rocha Silva estão entubadas e internadas em estado grave no Hospital Municipal de Imperatriz (MA).
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