Rachadinha: Ex-vereadora é suspeita de recolher ao menos R$ 2 mil por mês, em dinheiro vivo, de assessores

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Por redacao
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Alvo da Operação Together, deflagrada pela Polícia Civil para apurar um suposto esquema de rachadinha, a ex-vereadora Elaine Cristina (PSOL) é suspeita de recolher ao menos R$ 2 mil por mês, em dinheiro vivo, de cada assessor parlamentar ligado ao seu gabinete na Câmara Municipal do Recife. A exceção seriam membros da equipe com menor remuneração.

Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, as supostas rachadinhas teriam acontecido de 2023, quando a vereadora assumiu o mandato coletivo Pretas Juntas, até 2024, o último ano da parlamentar na legislatura. Nas últimas eleições municipais, Elaine Cristina terminou com 957 votos e não conseguiu se reeleger. 

O Diario de Pernambuco conversou, em condição de sigilo, com um ex-integrante do gabinete, que detalhou o suposto esquema liderado pela vereadora. As informações também foram confirmadas posteriormente com fontes da Polícia Civil ligadas ao inquérito.

De acordo com as fontes ouvidas, Elaine exigiria repasses individuais, realizados mensalmente, de assessores que eram melhor remunerados. Com valor mínimo de R$ 2 mil, os valores seriam entregues em envelopes, contendo dinheiro vivo, à própria vereadora ou à chefe de gabinete.

“A coisa, talvez, fosse até bem amadora. Na data de recebimento, [o assessor que] recebeu, saca e entrega”, relata o ex-integrante do gabinete. “Algumas pessoas, que tinham salários bem menores, não faziam nenhum tipo de repasse. Acho que havia cinco ou seis pessoas que não faziam, de resto todos tinham que fazer”. 

Segundo afirma, no início, o valor arrecadado era destinado a “políticas públicas” escolhidas pelo coletivo. Uma assessora parlamentar, entretanto, teria começado a questionar esses repasses, causando uma ruptura no mandato coletivo.

“Elas [Elaine e a chefe de gabinete] diziam que isso [rachadinha] era algo comum, que já foi feito por outros vereadores. Então, acontece o segundo racha no coletivo, que é por discordância à prática do que estavam fazendo”, afirma.

Com o tempo, os repasses teriam sido destinados para ações que beneficiariam politicamente a vereadora, ainda de acordo com o relato do ex-assessor. O caso é investigado pela Delegacia de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), da Polícia Civil pernambucana.

Ao todo, a Operação Together cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em diferentes endereços da capital pernambucana, além de Paulista e Abreu e Lima, no Grande Recife. Na ocasião, foram apreendidos celulares e outros materiais que podem ajudar na investigação.

A reportagem procurou as advogadas Angela Lima, Willianny Aquino e Rayane Silva, que representam Elaine Cristina, para se posicionar sobre as informações. Até o momento, não houve resposta.

Na terça-feira (25), a defesa divulgou nota em que afirmou que não havia tido acesso ao inquérito policial e alegou “clara violação dos direitos da defesa”. No comunicado, as advogadas também afirmaram “o compromisso de Elaine Cristina com a Justiça”, que estaria “aguardando, com plena confiança, que os direitos da defesa sejam respeitados, permitindo, assim, que as investigações prossigam de forma transparente e imparcial”.

Diario do Pernambuco

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