Corpo de adolescente de 13 anos morta por pastor é enterrado

redacao
Por redacao
7 Leitura mínima
crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press

Foi sepultado, no fim da manhã desta quinta-feira (13/2), no Cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, na Região Oeste de Belo Horizonte, diante de grande comoção, o corpo da adolescente Stefany Vitória Teixeira Ferreira, de 13 anos, assassinada, no último domingo, pelo pastor João das Graças Pachola, de 59.

“Deus me deu, Deus tomou, bendito seja o nome do senhor”, não cansava de repetir a mãe de Stefany, Márcia Teixeira, que chorou o tempo todo. Amigos e parentes da família de Stefany se reuniram, na pracinha dos velórios do Parque da Colina, desde as 9h. Foi um velório sem caixão, uma vez que o corpo foi encontrado em estado de decomposição.

Às 11h, o corpo chegou ao cemitério em um carro funerário. Em seguida, teve início o cortejo, indo direto para o sepultamento. As pessoas presentes começaram a sair, abraçadas e chorando muito. Era o adeus à menina Stefany.

O crime

O corpo de Stefany foi encontrado na tarde dessa terça (11/2) em uma área de mata entre as cidades de Esmeraldas e Ribeirão das Neves, na Grande BH, já em estado de decomposição. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) localizou o corpo depois de prender o suspeito por cometer o crime, o pastor João das Graças Pachola, que confessou o crime e indicou onde havia enterrado a menina.

João atuava como pastor no Bairro Metropolitano, em Ribeirão das Neves, e foi preso em Contagem nessa terça depois de uma ação conduzida pelo Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Ele confessou que matou Stefany depois de ter recebido um tapa no rosto, mas negou que a tenha estuprado. Os exames ainda confirmarão se houve abuso.

A adolescente desapareceu no domingo (9/2), quando saiu para ir à casa de uma amiga, onde nunca chegou. Segundo Kamila Oliveira, outra irmã de Stefany, a Polícia Civil prestou todo o apoio à família durante o desaparecimento.

De acordo com uma amiga da adolescente morta, o assédio às meninas do Bairro Metropolitano era frequente por parte do suspeito. Depois de ser preso, o carro do pastor foi incendiado pela comunidade, que está revoltada. De acordo com a irmã da vítima, o veículo estava cheio de sangue, que ela imagina ser da adolescente.

Mais dor

O empreiteiro Welton Ferreira, de 52 anos, pai de Stefany, passou por momentos difíceis. Antes do sepultamento da filha, na abertura do sepulcro, ele se recordou do filho, Welton Júnior, que estava enterrado ali. Um corpo tem de ser exumado, para que outro possa ser sepultado no mesmo lugar.

“Meu filho morreu há 13 anos, afogado. Tinha 24 anos. Hoje, eu vi a arcada dentária dele, quando retiraram seus restos mortais. Foi meu primeiro momento de dor nesse dia. O segundo, sepultar minha filha”, disse Welton.

Perto dele estava outra filha, Jéssica Ferreira, de 29 anos, fruto do primeiro casamento, assim como Welton Júnior. Ela também estava inconsolável. “Stefany era uma criança dócil. No domingo, tinha me mandado uma mensagem, com os dizeres: ‘eu te amo’.”

Jéssica se dizia “sem chão”, pela morte de Stefany e por também relembrar a do irmão. “Não vi o corpo do meu irmão morto. Tinha apenas 16 anos. Mas, agora, quis ver o dela. Foram dois dias de IML (Instituto Médico Legal). Vi o rosto dela. É revoltante ver o rosto desfigurado. Ela foi agredida. Aquela cara, que se diz pastor, não é de Deus. Ele, definitivamente, não é homem de Deus.”

O pai comentou o que sentiu ao ver o corpo da filha. “Pelos machucados, no rosto, principalmente, ela deveria estar tentando fugir do pastor, seu agressor. Ela deve ter sentido a ameaça e procurado se defender. É o que penso.”

A expectativa de Welton é que o pastor seja julgado e condenado. “Espero que ele apodreça na cadeia, pelo que fez com a minha filha.”

Um grupo de amigas da família de Stefany levou uma faixa de protesto, que pedia: “Justiça para Stefany”.

Apoio

Pessoas próximas à família de Márcia, a mãe de Stefany, e vizinhos foram ao cemitério prestar solidariedade. Um amiga, Eliana Ribeiro, disse que Márcia é um exemplo, por ser uma pessoa de fé. “Sinceramente, espero que esse monstro nunca mais volte às ruas.”

Renata Guedes é mãe de santo. Sua casa de umbanda, “Indo Undo Cavungo Lemba”, foi o local que acolheu Márcia. “Quando fiquei sabendo, fui atrás dela, a trouxe para minha casa e a levei à delegacia. Era o que tinha de ser feito naquele momento. Temos de dar apoio sempre às pessoas em sofrimento.”

O sepultamento de Stefany levou ainda representantes do Programa Protegidos, de Contagem, que tem como foco vítimas de abusos sexuais e outros tipos.

Uma das pessoas presentes foi a vereadora Keila Paredes, de Contagem, conhecida por Tia Keila. Nosso programa tem como foco os abusos e explorações ocorridas dentro de igrejas. É preciso que seja feito um alerta, nesse sentido, principalmente para proteger as crianças. Qualquer abuso tem de ser denunciado para a polícia”.

Polícia Civil

A delegada Ingrid Esteves, da Delegacia de Desaparecidos, que se emocionou ao tomar conhecimento do caso, esteve no velório, junto com uma equipe de investigadores.

“Viemos aqui para hipotecar solidariedade à família. É um caso que mexe com a gente. Uma adolescente, uma criança, sendo morta dessa maneira. Um absurdo. Isso realmente me tocou”, diz a delegada.

Ela disse que, até o momento, não surgiram outras vítimas do pastor e que a polícia trabalha para tentar descobrir se existem outras. “Se houver mais algum caso, pedimos, por favor, que as pessoas, mães, pais, nos procurem, pois isso ajudará a esclarecer ainda mais o caso. As pessoas podem procurar qualquer delegacia (da Polícia Civil) ou a Polícia Militar para denunciar”, afirma a delegada Ingrid.

Estado de Minas

Compartilhe esta notícia