A população do Brasil vai parar de crescer em 2041, quando chegará a 220.425.299 habitantes. É o que dizem as primeiras projeções de população do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com dados do Censo Demográfico 2022, divulgadas nesta quinta-feira (22). Segundo o levantamento, a previsão é que, em 2070, o número chegue a 199.228.708 habitantes.
Rio Grande do Sul e Alagoas devem ser os primeiros estados a reduzir a população, já em 2027, com o Rio de Janeiro logo a seguir, em 2028. Por outro lado, Mato Grosso deve ser o último estado a registrar essa queda, em algum momento após 2070 (ano limite das atuais projeções de população).
Já Santa Catarina e Roraima devem começar a reduzir sua população em 2064.
O levantamento do IBGE utiliza dados provenientes de diversas fontes, como os três censos demográficos mais recentes (2010, 2010 e 2022), a série histórica das Estatísticas do Registro Civil (iniciada em 1974), o Sistema de Informações sobre Mortalidade e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, ambos do Ministério da Saúde, entre outros.
Além de servirem de parâmetro para políticas públicas nas três esferas de governo, as projeções de população permitem que o IBGE atualize as amostras de suas pesquisas domiciliares, como a PNAD Contínua, a Pesquisa Nacional de Saúde e a Pesquisa de Orçamentos Familiares.
Taxa de fecundidade cai para 1,57 filho por mulher
O estudo aponta que, a taxa de fecundidade do país era de 2,32 filhos por mulher em 2000, recuou para 1,75 filhos por mulher em 2010 e chegou a 1,57 em 2023. Nos próximos anos, essa taxa deve recuar para 1,47 em 2030 e atingir seu ponto mais baixo em 2041, chegando a 1,44 filho por mulher.
No entanto, a partir de 2050, as estimativas indicam que a taxa terá ligeiro aumento, indo a 1,45 em 2050, a 1,47 em 2060 e chegando a 1,50 em 2070. Esse indicador vem decrescendo como consequência de uma série de transformações ocorridas na sociedade brasileira desde meados do século 20.
Segundo Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE, a redução da taxa de fecundidade vem desde os anos 1960. “Vários fatores contribuíram para isso, como a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade feminina, além da popularização da pílula anticoncepcional. Com isso, as taxas de fecundidade recuaram gradativamente de uma média de mais de seis filhos por mulher para os patamares atuais”, explicou.
As regiões com as taxas de fecundidade mais altas em 2023 foram Norte (1,83) e Centro-Oeste (1,71), enquanto o Nordeste (1,56), o Sul (1,56) e o Sudeste (1,48) tinham as taxas mais baixas. Entre os estados, a taxa de fecundidade mais alta foi a de Roraima (2,26) e a mais baixa, do Rio de Janeiro (1,39).
Mulheres têm filhos mais velhas
Outra dado divulgado pelo estudo é que a idade média da fecundidade, ou seja, a idade média em que as mulheres tinham seus filhos, que era de 25,3 anos em 2000, passou para 27,7 anos em 2020 e deverá chegar a 31,3 anos em 2070.
“Temos observado, no Brasil e em vários países, um adiamento da maternidade, isto é, as mulheres decidindo-se a terem seus filhos mais tarde. Indiretamente, isso também contribui para a redução do total de nascimentos”, observou a demógrafa do IBGE.
A idade média da população brasileira atingiu 35,5 anos em 2023 e deve subir para 48,4 anos em 2070.
Nordeste tem queda mais intensa do número de nascimentos
Com a redução da fecundidade, o número de nascimentos ocorridos a cada ano também se reduziu ao longo do período analisado pelo IBGE: de 3.572.865 nascimentos em 2000, para 2.947.296 em 2010, para 2.574.542 em 2022. Para 2070, o número deve chegar a 1.488.161 nascimentos.
Na avaliação de Izabel, as regiões que apresentaram maior redução do número de nascimentos ao longo da última década foram o Norte e, principalmente, o Nordeste. “De 2000 a 2023, o número de nascimentos no Nordeste recuou de 1,1 milhão para 705,6 mil. No mesmo período, no Norte, esse indicador recuou de 377 mil para 285 mil.”