A Polícia Civil do Amazonas realizou as prisões de Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja Cardoso, e do personal trainer Hatus Silveira, em nova fase da Operação Mandrágora, na tarde desta sexta-feira, 7, em Manaus (AM). A informação foi inicialmente divulgada pela CNN Brasil.
A investigação tem como alvo a seita religiosa intitulada de “Pai, Mãe, Vida”, que incentivava, promovia e distribuía a droga quetamina. O irmão e a mãe da ex-sinhazinha Boi Garantido, Ademar Farias Cardoso Neto e Cleusimar Cardoso Rodrigues, já foram detidos por suspeita de tráfico de drogas e associação ao tráfico.
De acordo com a publicação, as investigações indicam que Hatus seria um dos responsáveis por fornecer a droga para a família. Bruno Roberto, por sua vez, teria sido o intermediário entre o profissional de educação física e o grupo.
Na terça-feira, 4, o ex-personal trainer de Djidja havia prestado depoimento sobre sua relação com a família Cardoso. Na oportunidade, ele disse que Djidja aplicou cetamina nele de surpresa durante uma visita onde ela morava.
Além das novas prisões, a Polícia Civil do Amazonas concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira com atualizações do caso. O delegado-geral adjunto Guilherme Torres explicou que as autoridades estão atuando em duas frentes: uma busca esclarecer a morte de Djidja e outra trabalha com questões relacionadas às drogas e maus-tratos a animais.
Quem foi Djidja Cardoso?
Nascida no Amazonas, ela se apresentou pelo Boi Garantido entre os anos de 2015 e 2020. Em 2021, Djidja foi convidada para participar do reality show A Bordo, da TV A Crítica. O programa é um concurso de beleza que confina mulheres em um barco em Manaus. Vitoriosa em sua edição, Djidja conquistou o título de Rainha do Peladão e o prêmio de R$ 30 mil. No passado, sua mãe também já tinha vencido o concurso.
Depois desse período, se tornou empresária, abriu uma rede de salões de beleza e começou a prosperar nos negócios. Em meio a isso, se dedicava à criação de conteúdo digital. Nas redes sociais, onde tem mais de 76 mil seguidores, ela compartilhava dicas de beleza, de saúde, sua vida pessoal e rotina de treinos.
Até que, em 28 de maio, ela foi encontrada morta em sua casa. De acordo com fonte da Rede Amazônica, que preferiu não se identificar, parentes resolveram ir à casa de Djidja após não conseguir contato com ela por telefone. Lá, encontraram o corpo da empresária na cama.
Morte tem relação com seita?
Segundo a Polícia Civil, ainda não é possível estabelecer se houve homicídio no caso de Djidja. Mas há, sim, suspeita de que ela tenha tido uma overdose pelo uso indiscriminado de quetamina.
A polícia prendeu o irmão e a mãe da ex-sinhazinha, Ademar Farias Cardoso Neto e Cleusimar Cardoso Rodrigues, por suspeita de tráfico de drogas e associação ao tráfico e pela criação de uma seita religiosa intitulada de “Pai, Mãe, Vida”, que incentivava, promovia e distribuía essa mesma droga. Eles foram presos na quinta-feira, 30. Segundo a polícia, o local onde eles viviam também era usado para manter vítimas em cárcere privado e tinha ‘cheiro de podridão’.
Ademar também foi alvo de um mandado por estupro. Em coletiva, o delegado Cícero Túlio explicou que testemunhas relataram fatos criminosos que indicam a possibilidade prática de estupro de vulnerável.
“Duas pessoas relataram essa situação do estupro, principalmente por terem sido dopadas durante o ato sexual e não se lembrarem nada sobre aquilo. Algumas delas permaneceram despidas por vários dias sem sequer tomar banho, numa situação de cárcere privado.
Inclusive no momento em que adentramos naquela residência [onde foram feitas as prisões] o cheiro de podridão era muito forte. Isso tudo é objeto do relatório de investigação”, acrescentou.
Além deles, foram presas Verônica da Costa Seixas, 30, e Claudiele Santos da Silva, 33, funcionárias do salão de beleza mantido pela família de Djidja. Elas seriam responsáveis por induzir outros colaboradores e pessoas próximas à família a se associarem à seita, onde drogas de uso veterinário eram utilizadas.
Segundo O Globo, as advogadas de Ademar e Cleusimar negaram que a família tenha formado uma seita ou feito rituais com uso de drogas. A defesa afirma que os envolvidos se tornaram dependentes químicos nos últimos meses.
Foi a morte de Djidja que deu início à investigação?
Não. De acordo com autoridades policiais, há aproximadamente 40 dias, antes da morte da ex-sinhazinha, foi identificado que o grupo coletava a droga quetamina em clínicas veterinárias e realizava a distribuição do fármaco entre os funcionários da rede de salões de beleza da família Cardoso.
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo da seita”, disse o delegado Cícero Túlio. Em coletiva, ele acrescentou que outras duas já relataram situação de estupro, tendo sido dopadas durante o ato sexual.
Durante buscas realizadas na tarde de quinta-feira, 30, e na manhã desta sexta-feira, 31, a Polícia Civil do Amazonas apreendeu centenas de seringas, produtos destinados a acesso venoso, agulhas e quetamina, além de aparelhos celulares, documentos e computadores na residência da família e no salão de beleza e em uma clínica veterinária.
O grupo responderá por tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, colocação em perigo da saúde ou da vida de outrem, falsificação, corrupção, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto provocado sem consentimento da gestante, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal. Eles serão submetidos a audiência de custódia e permanecerão à disposição da Justiça.
Então, são quantas investigações em torno do caso?
Em paralelo, estão ocorrendo duas investigações. A primeira, relacionada à suposta seita e o tráfico de drogas, é conduzida pelo 1º Distrito Integrado de Polícia do Amazonas. Já a causa da morte de Dilemar Cardoso Carlos da Silva, 32 anos, conhecida como “Djidja Cardoso”, está sendo conduzida pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
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