Um laudo da Polícia Científica de São Paulo comprovou que não houve violência na morte de Lívia Gabrielle, de 19 anos, e que nem ela e nem o jogador de futebol Dimas Cândido usaram drogas ou bebida alcoólica antes dela falecer. O documento foi obtido pelo Fantástico, da TV Globo.
O laudo foi concluído na última semana, e diz que não houve fratura e nem sinais letais de violência no corpo da jovem estudante. Também não foi encontrado esperma do jogador no corpo dela, o que comprova que os dois usaram proteção durante a relação.
Lívia morreu devido a uma ruptura de 5 cm na escavação retouterina, parte do corpo que fica entre o útero e o reto. Segundo o laudo, o ferimento foi causado por um “objeto contundente”, não especificado pelas autoridades.
Ao Fantástico, especialistas disseram que ela morreu de hemorragia com choque hemorrágico, e que o ferimento pode ter sido causado pela relação íntima com o jogador, mas que o caso é raro. O caso teria sido uma fatalidade que aconteceu por uma questão anatômica. Em casos de sangramento, é importante que o atendimento seja feito rapidamente.
A hemorragia pode não ter provocado dor, mas é possível que a jovem tenha sentido o problema já em estado de choque hemorrágico, com sintomas como tontura, taquicardia e perda de consciência, segundo os especialistas.
A defesa de Dimas diz que o jogador foi “testemunha de uma fatalidade”, e que os laudos evidenciam que houve consentimento na relação e não houve violência. A família de Lívia não quis se manifestar sobre o caso.
Atendimento do Samu
O Fantástico exibiu um depoimento da médica do Samu responsável pelo caso. Ela informou à polícia que a ambulância não conseguiu entrar no prédio porque o veículo não conseguiria passar pela cobertura do estacionamento. Por isso, a equipe de socorristas precisou andar cerca de 100 metros até o prédio e subir até o oitavo andar.
Dimas foi encontrado fazendo massagem cardíaca em Lívia, e falando ao telefone com um atendente do Samu, quando a equipe chegou ao apartamento. A médica assumiu a emergência, e não foi preciso fazer contenção porque a jovem não estava com sangramento ativo no corpo.
As câmeras de monitoramento do prédio mostraram que um dos socorristas voltou à ambulância para pegar um reanimador manual, que é usado em casos de insuficiência respiratória, porque o que eles haviam levado não estaria funcionando corretamente.
Desde o pedido de socorro até Lívia dar entrada em um hospital, foram 51 minutos. A estudante sofreu duas paradas cardiorrespiratórias no apartamento e mais duas antes de morrer.
A polícia investiga o caso como morte suspeita, e os relatórios médicos serão analisados para confirmar se Lívia tinha alguma doença. A defesa de Dimas criticou a demora no atendimento do Samu. A Prefeitura de São Paulo se pronunciou dizendo que a ambulância chegou ao prédio em 11 minutos, e que os socorristas foram retidos na portaria. Afirmou ainda que o atendimento se deu dentro do tempo previsto no protocolo de atendimento.
Entenda o caso
A estudante de enfermagem Lívia Gabrielle, de 19 anos, e o jogador de futebol Dimas Cândido, de 18, marcaram um encontro no dia 30 de janeiro no apartamento dele. Os dois se conheciam desde o ano passado e conversavam por mensagens com frequência há, pelo menos, três meses.
Eles tiveram relações íntimas na casa do jogador, e após uma segunda relação, a situação se complicou. Segundo Dimas, a jovem teve um mal súbito, desmaiou, e ele percebeu um sangramento nela. Ela foi hospitalizada, e ele ajudou a equipe médica a entrar em contato com a família dela.
O Samu foi acionado pelo jogador cerca de uma hora depois que a mulher estava na casa dele. Ele foi orientado a prestar os primeiros socorros.
Após presenciar a morte de Lívia Gabrielle, Dimas saiu de São Paulo e foi para Minas Gerais, onde treina pelo Coimbra. O atleta ainda tem um contrato de empréstimo com o Corinthians, clube ao qual foi cedido no ano passado. Seu vínculo vai até 2025.
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